quarta-feira, 3 de março de 2010

Carlos Drummond de Andrade

No corpo feminino, esse retiro
a doce bunda é ainda o que prefiro.
A ela meu mais íntimo suspiro,
pois tanto mais a apalpo quanto a miro
Que tanto mais a quero, se me firo
em unhas protestantes, e respiro
a brisa dos planetas, no seu giro
lento, violento... Então, se ponho e tiro
a mão em concha a mão, sábio papiro,
iluminando o gozo, qual lampiro,
ou se, dessedentado, já me estiro,
me penso, me restauro, me confiro,
o sentimento da morte eis que adquiro:
de rola, a bunda torna-se vampiro.

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